31.7.06

Talvez

amanhã ao acordar não sinta o peso de estar só
erga a cabeça e vista aquela roupa já esgaçada de tanto uso, mas de que tanto gosto
pegue nas chaves que estão na mesinha das fotografias e saia de casa para o sol brilhante da manhã
caminhe durante longo tempo e aprecie as ruas menos concorridas da cidade, aquelas onde há árvores grandes e portas e janelas antigas e paredes com azulejos cor-de-mar e erva por entre as pedras da calçada
acabe o passeio num qualquer miradouro de onde possa ver toda a cidade a meus pés

amanhã acorde com vontade de não me queixar tanto
amanhã seja eu próprio

27.7.06

o Pessimismo (inspirado nas palavras da lilima)

Se pudesse escolher, não te tinha como companheiro de viagem. Se pudesse escolher, não te trataria, tão familiarmente, por tu.

Infelizmente, não se trata de uma escolha. Da mesma maneira que nasci com olhos castanhos, nasci igualmente com o pessimismo agarrado a mim.

Infelizmente não é uma escolha.

19.7.06

Não tenho razões para ser triste.
Não tenho razões para ser pessimista.
Não tenho razões para ser infeliz.

E, no entanto, sou-o.

18.7.06

Cada vez me é mais difícil suportar esta insustentável existência do não-ser.