30.4.05

Sinto-me impelido a saltar

Sinto-me impelido a saltar. O que é que me prende? Não sei. Ou se calhar até sei. Mas prefiro acreditar que não sei. Porque senão, sentir-me-ia impelido a saltar. Mas então, porque não salto? Não sei. Ou se calhar até sei. Mas prefiro não saber. Sinto-me impelido a saltar. O que é que me prende? Não sei. Ou se calhar até sei. Mas prefiro acreditar que não sei. Porque senão, sentir-me-ia impelido a saltar. Mas então, porque não salto? Não sei. Ou se calhar até sei. Mas prefiro não saber. Sinto-me impelido a saltar. O que é que me prende? Não sei. Ou se calhar até sei. Mas prefiro acreditar que não sei. Porque senão, sentir-me-ia impelido a saltar. Mas então, porque não salto? Não sei. Ou se calhar até sei. Mas prefiro não saber. Sinto-me impelido a saltar. O que é que me prende? Não sei. Ou se calhar até sei. Mas prefiro acreditar que não sei. Porque senão, sentir-me-ia impelido a saltar. Mas então, porque não salto? Não sei. Ou se calhar até sei. Mas prefiro não saber. Sinto-me impelido a saltar. O que é que me prende? Não sei. Ou se calhar até sei. Mas prefiro acreditar que não sei. Porque senão, sentir-me-ia impelido a saltar. Mas então, porque não salto? Não sei. Ou se calhar até sei. Mas prefiro não saber.

27.4.05

Quem eu sou, não sei.

Perguntam-me quem eu sou e não sei responder.

Não sei quem sou, porque nunca mo disseram.
E não sei quem sou, porque nunca fui capaz de o descobrir.
Só sei que sou aquilo que não sou.
E sei que sou aquilo que não quero ser.

Mas de resto, não sei.

Apenas sei que sou este que à beira do caminho espera, porque não sabe por onde deve seguir.
E, por isso, sei que sou este que à beira do caminho desespera, porque não tem por onde seguir.

Mas não sei.

Apenas sei que sou o peregrino desencantado,
Que segue pela estrada cantando a trova da desilusão
E que caminha sem rumo pela poeirenta estrada da razão.

E, no entanto, não sei.

Apenas sei que sou aquele que caminha pela estrada sem ter nada a perder.
Podem assaltar-me, esfaquear-me, matar-me que eu não me importo.
Assaltado, esfaqueado e morto já eu caminho por este caminho que a lado nenhum me leva.

Porém, não sei.

Por isso, não me perguntem quem sou.
Porque quem eu sou, não sei.