1.12.07

a minha língua soa à rebentação das ondas do mar contra as rochas de um promontório escarpado
Ali, naquele lugar inalcansável, naquele lugar de Nada, encontramos senão Tudo. Ali o mar encontra o céu num abraço interminável.

30.10.07

Todos os dias me quebras por dentro.

Cada dia estou cada vez mais desfeito em mil pedaços do que fui.

17.10.07

Não imaginas como sempre ansiei por um abraço teu. Somos o que fazem de nós e eu acho que por isso não sou nada. Como se me faltasse um braço, sempre senti a tua falta. Mas pior, porque sem um braço podemos viver. Não vivo. Tu não me deste a vida, antes ma tiraste aos poucos. Custa-me tanto pensar estas coisas, mas se as penso é porque elas me corroem cá por dentro da mesma maneira que lentamente o sal do mar salgado corrói o ferro, desgastando-o por completo. Lentamente, mas por completo.

3.10.07

Acordado estou
No mundo da verdade.

Dorme num sono profundo
Quem acredita na felicidade.

1.10.07

Alma

Onde estás que não te encontro?
Bem que te procuro dentro do meu querer.
Mas sei que por mais que procure,
Não estás aqui para eu ser.

29.9.07

Assim irregular sou eu
Como as telhas dos telhados desalinhados
Que descem ao encontro do rio da minha aldeia
Que passa da esquerda para a direita
E que é mais feliz que eu
Porque nunca deixará de passar da esquerda para a direita
E nunca terá de se preocupar com nada
Além de que a sua única função é passar

6.9.07

Cortaste-me em linhas direitas. Aindo sinto esta dor lancinante que me queima por dentro das feridas.

Estavas bem afiada.

26.8.07

Não páras de o repetir.

Resigno-me. Sem lutar. Sem dar resposta. Caio por terra e não discuto mais a questão.

A culpa é sempre minha. Sempre foi e sempre será.

22.8.07

Faz falta um colo onde possa encostar a cabeça e adormecer sem pensar nos problemas de ontem, das preocupações de hoje e dos planos de amanhã.

Faz-me falta o teu colo.

10.8.07

Aproxima-te de mim. Sim, bem perto. Não tenhas medo. Beija-me. Não sou muito dado a afectos. Há quem diga que não tenho emoções. Mas continuo a gostar que me beijem. Se quiseres, abraça-me. Eu gosto de abraços. Sim, eu sei. És mais baixa do que eu. Mas estica-te bem e põe os teus braços à volta do meu pescoço. Sabe bem ter-te assim, bem junto a mim.

9.7.07

Detesto a espera. O lento soluçar dos ponteiros que avançam mas que demoram a avançar. Sei que tenho de ir, por isso mais valia que fosse já. Não gosto de adiar o que sei ser inevitável. Detesto a espera.

5.7.07

Ela disse que eu era a pessoa mais aleatória que conhecia.

Para mim não foi um insulto, antes um elogio.
Sei por que quero, mas não sei como quero.
Não sei como quero, mas sei o que quero.

21.5.07

29.1.07

Tenho pena que não me compreendas. Eu sei, para ti é tudo fácil. É fácil sorrir. É fácil falar. É fácil caminhar. É fácil responder. É tudo fácil.

Pois para mim nem tudo e fácil. E se para ti é fácil recriminar-me, para mim é difícil ouvir as tuas recriminações. Eu sei. Deveria ser fácil para toda a gente sorrir, falar, caminhar, responder. Mas o campo do dever-ser não é o campo do ser. E o que eu deveria ser não é o que realmente sou.

Se para ti tudo é fácil, perceber isto deveria ser fácil.
Tenho medo do amanhã.